Um safari de R$ 380 mi: os segredos do sucesso da Mundo Animal
Lanchonete temática tem 50 unidades espalhadas pelo Brasil e, mesmo na pandemia, tem filas constantes e um faturamento que em 2022 vai beirar os R$ 400 milhões
Quem passa por perto de uma das unidades da Mundo Animal, lanchonete temática, já está habituado a ver longas filas que, muitas vezes, dobram quarteirões. Mas nem sempre foi assim. O boom da rede começou há dois anos, quando um plano mais robusto de expansão por franquias foi tirado do papel. De lá para cá, a lanchonete deixou de ser um restaurante do interior do Rio Grande do Sul e chegou a nove estados, 50 unidades em funcionamento e um faturamento de 150 milhões de reais.
A Mundo Animal é uma rede de lanchonetes de rua que ganhou popularidade com uma decoração que remete à selva nos restaurantes. Além do cardápio que incluiu hambúrgueres, sobremesas e batatas, o atrativo da rede também está nos espaços infantis e nos shows temáticos com personagens de safari — há um leão que canta e dança, por exemplo.
“O segredo está no modelo de negócio”, diz Marcos Gundel, diretor executivo da Mundo Animal. Há por lá a percepção de que o sucesso repentino da rede está enraizado em duas circunstâncias não tão novas no mundo dos negócios: o bom relacionamento e proximidade entre rede franqueadora e franqueados, e a busca do público por estabelecimentos que resgatem um ambiente tradicionalmente familiar. “A Mundo Animal nasceu para ser um espaço capaz de fortalecer os vínculos familiares, e vemos esse valor sendo muito procurado, principalmente após a pandemia”, diz.
Gundel comanda a operação da lanchonete desde 2018 ao lado dos sócios Jian Lorenzetti e Ari Andrade, fundador da marca. Andrade criou a empresa em 2011, na cidade de Capão da Canoa, litoral do Rio Grande do Sul. Nos primeiros sete anos, o negócio cresceu à base da divulgação boca a boca e da inauguração de algumas redes por familiares e amigos no mesmo estado.
Com a entrada dos novos sócios no negócio, a Mundo Animal passou a mirar novas regiões e focou de vez na temática animal para mostrar seu diferencial competitivo. Em 2019, passou a ter 27 unidades — algumas delas em capitais pelo país.
Ainda assim, a resiliência do negócio foi colocada à prova na pandemia um ano depois. Dos 12 meses de 2020, a Mundo Animal passou cinco com o caixa vazio. O fechamento dos restaurantes, por outro lado, serviu para testar o modelo recém-implementado. “Saímos mais fortes, sem dúvida”, diz. Um desafio à parte foi continuar encantando clientes, mesmo à distância. "O grande atrativo da lanchonete está no ambiente físico, tentamos levar isso para o delivery e conseguimos, mas as filas nas portas são a prova de que as pessoas ainda preferem ir aos restaurantes”.
Os bons resultados também acontecem nos bastidores. Hoje 90% dos empreendedores que fazem parte da rede Mundo Animal têm mais de uma unidade da franquia — as que não estão em funcionamento, já têm contratos assinados.
Ao lado da estabilidade da rede, que anima empreendedores dispostos a abrir restaurantes, está também o fato de que as lanchonetes temáticas viraram uma febre. Restaurantes como Orlando Magic Burger e Jurassic Park Burger, inaugurados recentemente em São Paulo, são sucesso de público. A lanchonete inspirada nos filmes dos dinossauros, por exemplo, chegou a ter filas que duravam meses na época de sua abertura. "O nicho de mercado de restaurantes temáticos está em alta. O ambiente encanta os clientes preocupados não só com oproduto, mas com a experiência”, conclui.
Os próximos passos
Com a reabertura da economia, estar em locais de maior movimento virou uma oportunidade para a rede. Em março, a Mundo Animal inaugurou sua primeira unidade dentro de um shopping center, na região do Butantã, na cidade de São Paulo. É uma incursão em um mercado ainda inexplorado pela empresa e que também insere a lanchonete em uma briga ao lado de redes como Outback e McDonald’s.
Para 2022, a Mundo Animal deve faturar 380 milhões de reais, mais do que o dobro do ano passado. De um lado, graças à inauguração de pelo menos 40 lojas. De outro, em virtude da parceria com grandes marcas, dando continuidade a lançamentos de brindes já feitos com personagens como Hello Kitty e Bob Esponja.
Segundo o executivo, o desafio agora será manter o ritmo acelerado de crescimento, ao mesmo tempo em que o propósito da rede continua inalterado. “Não queremos burocratizar a empresa e perder velocidade junto aos franqueados”, diz. “Nosso desafio é a inovação: em shows, em personagens, em combos, em produtos. A revolução é constante”.
Créditos: Exame
Link da matéria: https://exame.com/pme/um-safari-de-r-380-mi-os-segredos-do-sucesso-da-mundo-animal/